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domingo, 18 de maio de 2014

Novo blog!

Faz um bom tempo não vinha publicando algo novo neste blog, mas havia um motivo, estava planejando e trabalhando no projeto de um novo blog, mais abrangente e menos amador que este, não apenas com textos meus apesar de direcionar e contextualizar o conteúdo dentro da proposta deste novo blog, enfim, é lá que estou publicando agora e convido aos que aqui chegarem que visitem:

www.construtorsocial.com.br

Espero que gostem!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

MORAL

Nós humanos somos um ser moral devido a existência em nós da consciência, através desta buscamos distinguir o que é certo e o que é errado, o que é o bem e o que é o mal, e quanto maior é o desenvolvimento, a evolução desta consciência, maior é o discernimento que temos a respeito. Se você acredita que além de um ser moral somos também um ser espiritual, eu sou convicto disto, então devemos também refletir sobre a importância que é o desenvolvimento do ser moral como uma etapa necessária para dar início ao desenvolvimento do ser espiritual, pois o desenvolvimento do ser moral está ligado às virtudes e a inteligência, ao desbaste da pedra bruta do ser social ao mesmo tempo em que vai criando em si mesmo condições propícias para o desenvolvimento de inquietudes, reflexões e conhecimentos de ordem transcendente para a vida.

Nesta busca a humanidade tem e já teve caminhos oferecidos, como os sistemas religiosos. Os sistemas religiosos pressupõem-se sistemas morais, mas a moral neste sentido difere de religião para religião, de cultura para cultura. Então o que é a verdadeira moral? Kant (1724-1804) mostra a preocupação da filosofia com esta questão na busca de uma moral que não seja dogmática, que não esteja atrelada a interesses institucionais ou crenças sem razão, Kant afirmava que princípios morais devem surgir da razão prática, a filosofia nesta época estava preocupada com uma moral universal. Também era relativamente recente e ainda vibravam as primeiras repercussões da “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, redigida em 1789, filha do Iluminismo e da Revolução Francesa. Depois de muitas experiências, boas e ruins, do trabalho árduo de livres-pensadores e até mesmo de muito sangue derramado daqueles que desafiavam uma moral que era puramente irracional e fanática, que mantinha o homem nas trevas ao invés de iluminar sua razão e sua consciência, o espírito do homem, a humanidade conseguiu abrir espaço para o entendimento de que moral e razão devem andar juntas.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Subindo escadas

Diz-nos Joseph Campbell: "um símbolo contém a estrutura que desperta nossa consciência para uma nova percepção interna da vida e da própria realidade. Através dos símbolos nós entramos emocionalmente em contato com nossa essência mais profunda, com os outros e com Deus".
As escadas são símbolos consagrados para os que buscam a evolução de sua espiritualidade, seja na crença rudimentar daqueles que sobem de joelhos grandes escadarias acreditando que serão melhores ao chegar no topo ou na busca espiritual dos que imaginam-se metaforicamente numa escada invisível que representa os degraus de sua própria evolução a qual deve galgar degrau por degrau. A escada é um símbolo primitivo e consagrado de elevação no sentido de ascensão, seja uma escada reta, seja uma escada em espiral, a escada cria um caminho de elevação de um plano mais baixo para um plano mais alto, e isto faz franca analogia com o desejo em acessar níveis mais altos de consciência, de uma visão transcendental mais elevada já que é do alto que se tem mais visão do todo.
No budismo há representações de Buda no alto de uma escada de sete degraus, que representam os sete céus ou estágios de consciência que o iniciado teria de ascender para chegar ao último que é o Nirvana, a plenitude espiritual.
Na antiga religião egípcia existem pinturas que mostram Osíris no alto de uma escada, também referenciada no Livro dos Mortos, que é a escada que une o céu e a terra, sendo por onde os deuses desciam para estarem entre os homens. Isto porque os deuses para os egípcios habitavam o céu, Rá (Sol) está no céu, Isis (lua), está no céu, portanto para chegar ao céu ou descer dele era necessário uma escada mística, guardada por Osíris, o deus dos mortos e responsável pelo julgamento das almas.
Por último chegaremos na consagrada escada de Jacó, consagrada pela cultura judaico-cristã vigente em nossa era vulgar. Antes apenas como curiosidade histórica, cronologicamente na Bíblia Jacó é bastante anterior a Moisés, mas vale recordar que o Velho Testamento como documento histórico é atribuído às gerações posteriores a Moisés baseadas em sua tradição oral. Moisés foi um príncipe do Egito, conhecia a fundo a religião egípcia e sem dúvidas fora iniciado nos mistérios egípcios. Por coincidência deste fato ou não, temos também na fé judaico-cristã a escada de Jacó com o mesmo sentido de comunicar o céu e a terra, o plano baixo e o plano elevado, assim como no Egito e no oriente de Buda, que para os que buscam a compreensão simbólica sempre vem a representar a ascensão do mundo conhecido ao mundo superior, de uma vida profana à uma vida espiritualizada, de um estado materialista e inconsciente (plano inferior) à um estado espiritualizado e consciente (plano superior).
Então nos resta agora refletir sobre o que este símbolo pode nos inspirar. Como construtores de nossas próprias vidas, se queremos elevar o nível de nossa obra temos que nos valer da escada, mas como? Os pedreiros antigamente, e muitas vezes ainda hoje, ao fazer uma obra faziam também sua própria escada, juntando duas longarinas de madeira no plano horizontal e pregando ou amarrando as travessas que serão os degraus, depois erguendo-a na vertical por onde se sobe. Como fazemos nossa escada? O que seriam as longarinas? Talvez a razão e a sensibilidade. O que seriam os degraus? Conhecimentos talvez, conhecimentos úteis e virtudes para nos elevar já que a escada representa ascensão. Nosso trabalho é juntar e fixar bem todas as partes que separadas não seriam suficientes para serem uma escada, mas que reunidas e fixadas como uma só, formam a escada que nos dará acesso a uma realidade mais elevada e uma visão mais ampla.

sábado, 15 de setembro de 2012

ALAVANCA

A alavanca é o instrumento que move objetos em inércia, e geralmente muito mais pesados do que conseguiria o homem mover apenas com as mãos, mas munido da alavanca e sabendo utilizá-la, pode mover o peso que antes lhe assombrava e lhe obstruía o trabalho ou o caminho. Algo interessante na alavanca é que seu funcionamento depende de um ponto de apoio, já nos disse Arquimedes, o descobridor do princípio físico da alavanca: “dê-me uma alavanca e um ponto de apoio fixo e eu movo o mundo”. Certamente Arquimedes aqui falava metaforicamente com relação ao estado mental do homem e da humanidade, de que o homem com uma boa razão e apoiado numa convicção e conhecimento firme, pode mover o mundo que lhe rodeia. A ignorância é muitas vezes o grande peso, o grande obstáculo, assim como a superstição, o fanatismo, a tirania, obstáculos que impedem a humanidade de evoluir, de ser livre e de haver mais igualdade e mais fraternidade. Sempre foram os livres-pensadores e homens comprometidos com a humanidade que indivudualmente ou em grupo alavancaram a humanidade para patamares mais elevados.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

CIÊNCIAS OCULTAS

Originalmente as ciências ocultas foram ramos aonde se tratava de estudar assuntos como alquimia, astrologia, numerologia, quiromancia, etc. Estes estudos ainda no final da idade média misturavam-se com a própria ciência latu sensu tal como conhecemos hoje, temos como exemplo Isaac Newton, que além de ser considerado pai da física e um dos precursores da ciência moderna, também se dedicava paralelamente ao estudo da alquimia. No entanto, com desenvolvimento dos processos científicos e maior domínio das verdadeiras causas naturais do mundo que nos rodeia e de seus processos antes invisíveis e imperceptíveis aos métodos da época (descobrimento dos átomos, formação de moléculas, processos químicos naturais, microbiologia, radiação, astronomia, magnetismo, eletricidade, etc) as ciências antes consideradas ocultas já que buscavam investigar e explicar o invisível e inexplicável, misturado às crenças pessoais e por vezes irreais adotadas pelos que buscavam respostas, tornaram-se obsoletas ou mesmo fantasiosas e passaram a ser hoje consideradas como pseudociências ou crenças esotéricas.

No entanto, será que ainda não existem campos de estudo que implicam em causas e fenômenos ainda invisíveis e impalpáveis? Não há hoje espaço para investigar e praticar experiências importantes em assuntos a princípio ignorados e invisíveis em nossas vidas mas que possuem profundo impacto na mesma? Partindo do princípio que são métodos científicos o uso da investigação, da observação, da comparação, da organização e da experimentação, e se pudermos aplicar estes métodos em objetos de pesquisa e experiências “invisíveis” porém reais e possíveis de serem controladas trazendo resultados com vistas ao alcance de um objetivo, não estaríamos assim fazendo ciência com resultados que se comprovem e possam ser replicados ou reproduzidos por outra pessoa? Mas aonde estariam estes elementos invisíveis porém reais que não recaiam em pseudociência ou crenças esotéricas? Em nós mesmos e no Universo.

Todas as ciências antigas filosóficas partiam entre outras coisas da indicação do Oráculo de Delfos: “conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os deuses”. Existem muitas coisas e causas ocultas dentro de nós mesmos, ocultas porque estão ignoradas, desconhecidas, no entanto podemos nos voltar para dentro de nós mesmos e lançar perguntas como “porque sou como sou?”, “posso ser melhor?”, “como superar o que há de prejudicial em mim e criar novas qualidades?”, “como evoluir a mim mesmo?”. Então entram os métodos científicos: busca de informação, investigação, observação, comparação, organização e experimentação. E tudo isto pode ser aplicado na exploração de nosso mundo interno, no conhecimento e domínio de nossa forma de pensar, de nossos pensamentos e sentimentos, na relação de causa e efeito que atuam em nossas escolhas diárias, na educação dos filhos, na humanidade como um todo e que pode ser associado ainda com outras Leis perscrutáveis como a evolução, a atração, etc. Os resultados disto podem ser compartilhados e reproduzidos por outra pessoa que queira alcançar o mesmo resultado, manifestando-se uma ciência puramente introspectiva e vivencialista.

O conhecimento de si mesmo, das causas que atuam sobre o homem e sobre o universo que lhe rodeia, continua sendo ainda uma busca do homem que quer ser mais consciente tanto de si mesmo quanto do mundo em que está inserido, da relação entre microcosmo e macrocosmo, e esta ciência continua como há milênios tratando de realidades ignoradas, desconhecidas por quem vive uma vida mecânica e materialista, portanto é uma realidade oculta para muitos, e por este ângulo quem se dedica neste estudo continua como há milênios praticando ciência oculta, já que a grande massa sublevada pela ignorância, pelo comodismo da existência vulgar e da neofilia, da banalização da vida e do descaso ao progresso moral e espiritual além do material,  não a vê ou ignora que exista.

sábado, 14 de julho de 2012

A MORTE



Disse-nos Platão que “a morte não é o pior que pode nos acontecer”, e de fato talvez o pior seja ter vivido sem dignificar a vida. Por este motivo Platão recomendava pensar sobre a morte, a morte seguramente nos chegará, e portanto seria bom refletir sobre como se tem vivido, para que ela não chegue de forma que nos arrependeríamos de ter vivido da forma que vivemos, se tivéssemos tempo para isto. Na verdade a morte na maior parte das vezes nos acontece de surpresa, muitos não tem nem tempo para pensar se teriam vivido diferente ou melhor caso soubessem que acabou-lhes o tempo. Por este motivo, talvez pensar na morte devesse ser feito não como algo deprimente, mas como um exercício de reavaliação da própria vida, afinal, vivemos corriqueiramente procrastinando e fechando os olhos para os problemas que nos envolvemos acreditando que o tempo se encarrega de tudo, ignorando que o tempo pode justamente pôr fim ao nossos planos de ter tempo...

Sic transit gloria mundi! “Assim passa a glória do mundo”, é uma frase latina que é utilizada para afirmar o terrível e inevitável, que a glória, o poder, o luxo, a vaidade, tudo se consome e é passageiro. A frase fixou-se no coroamento dos papas, aonde diante do novo eleito na ocasião de sua coroação o mestre de cerimônias deixa um pedaço de papel o qual ateia fogo e este se consome num piscar de olhos enquanto se pronuncia a frase em latim.

Assim sendo, qual recordação deixaríamos em nossos familiares se morrêssemos amanhã? Seria o que gostaríamos? Quais exemplos deixaríamos para nossos descentendes? Nossa vida teria sido uma trajetória evolutiva interior ou apenas mais uma folha ao vento? Ainda temos tempo de mudar, mas só faremos se quisermos como algo necessário. Enquanto conquistar o carro do ano ou sonhos de consumo que ainda não temos for mais importante que conquistar uma virtude que ainda não temos, não estaremos focados na conquista dos verdadeiros tesouros que podemos acumular. Neste sentido está a mensagem espiritual que se encontra no âmago das religiões e nas filosofias, o de valorizar o que é importante para uma visão mais ampla e mais consciente da vida, de si mesmo e da felicidade. Assim é que no cristianismo encontramos a orientação “Não ajunteis riquezas na terra, onde a traça e a ferrugem as corroem, e os ladrões assaltam e roubam. Ajuntai riquezas no céu, onde nem traça nem ferrugem as corroem, onde os ladrões não arrombam nem roubam". Ao interpretarmos o céu como o mundo imaterial, aonde habita nossos sentimentos e nossa essência espiritual, fica claro que o tesouro imperecível é a honradez, a virtude, a pureza de coração, a caridade, o bem, etc. Se pensarmos na morte tendo presente este conceito, no final a certeza fixada na própria consciência e a marca deixada na recordação dos demais em ter sido um bom pai, um bom amigo, um bom marido, uma pessoa honrada e exemplo de esforço em querer ser e fazer melhor, mesmo não sendo perfeito, será um tesouro mais significativo que ter tido muitos carros ou muitos bens. Muito similarmente encontramos no budismo a seguinte orientação: “Os que confundem o essencial com o supérfluo jamais alcançam, devido à sua confusão, o Essencial que é o Nirvana, o supremo refúgio que se encontra além de todas as amarras. Mas aqueles que vêem o essencial no essencial e o supérfluo no supérfluo, por seu julgamento reto, alcançam o Essencial”.

Isto não anula nosso direito e a porção de bem que podemos experimentar ao usufruir da conquista de bens e riquezas com responsabilidade, apenas nos lembra de que isto não deve ser o objetivo principal, nada disto passará pela morte de nosso ego, de nossa personalidade, diferente da essência e do crescimento que obtivemos que estão consubstanciados com nosso espírito. Por isto ouve-se muito o ditado já popularizado que o problema não é ter posses, é ser possuído pelo que se tem. Neste contexto, de pensar na morte e sobre onde está a verdadeira riqueza, podemos citar como ilustração e arte elaborada com verdadeira maestria o conto de Charles Dickens: “Canção de Natal”, já adaptado inúmeras vezes para o teatro e para o cinema, tomando como conteúdo o seu drama central, que extrapola a crença religiosa no Natal, aonde o personagem principal já velho e rabugento recebe a visita de três espíritos que o levam para uma viagem introspectiva sobre como ele viveu sua vida, a felicidade que experimentou, as amarguras que causou e como ela pode acabar se ele não repensar suas prioridades. Pensar na morte pode nos impulsionar a pensar em mudanças para nossa vida.